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resultados, análises, expansões

— De agora em diante, começarei a descrever as cidades — dissera Khan. — Nas

suas viagens, você verificará se elas existem.

 

Mas as cidades visitadas por Marco Polo eram sempre diferentes das imaginadas

pelo imperador.

 

— Entretanto, construí na minha mente um modelo de cidade do qual extrair todas

as cidades possíveis — disse Kublai. — Ele contém tudo o que vai de acordo com as

normas. Uma vez que as cidades que existem se afastam da norma em diferentes graus,

basta prever as exceções à regra e calcular as combinações mais prováveis.

 

— Eu também imaginei um modelo de cidade do qual extraio todas as outras —

respondeu Marco. — É uma cidade feita só de exceções, impedimentos, contradições,

incongruências, contrassensos. Se uma cidade assim é o que há de mais improvável,

diminuindo o número dos elementos anormais aumenta a probabilidade de que a

cidade realmente exista. Portanto, basta subtrair as exceções ao meu modelo e em

qualquer direção que eu vá sempre me encontrarei diante de uma cidade que, apesar

de sempre por causa das exceções, existe. Mas não posso conduzir a minha operação

além de um certo limite: obteria cidades verossímeis demais para serem verdadeiras.

 

as cidades invisíveis, p 67

resultados

​O simulador de geometria-rede Redinha foi desenvolvido considerando a simulação do dia a dia de uma determinada população na sua comutação casa-trabalho por um determinado número de ciclos. O objetivo era observar e comparar as redes de encontros resultantes da simulação em cenários com “cidades” de diferentes geometrias.​

Para tanto, em um mapa base, foram geradas geometrias sobre as quais foram marcados lugares, para em seguida serem atribuídos o uso de casa ou trabalho. Na sequência, cada agente (pessoa) foi associado a um par casa-trabalho. As geometrias foram escolhidas de maneira arbitrária mas buscando o máximo de diferença topológica entre elas. Os lugares foram localizados ao longo de 5 formas: círculo, cruz, linha, matriz, e pontos aleatórios no mapa.​

Após isso, o uso de casa ou de trabalho foram distribuídos de três maneiras: contínua, alternada e aleatória. Essas duas primeiras distribuições foram pensadas como algum paralelo em relação ao modelo setorizado modernista e a ideia de unidades de vizinhança ou mesmo o plano isotrópico, respectivamente. Cada par casa-trabalho foi vinculado a um agente. Essa configuração elimina o impacto do acúmulo de pessoas numa atividade na formação de rede, permitindo observar só a influência da geometria. Definida a distribuição no mapa, os agentes têm liberdade total de movimento buscando o caminho mais curto, resultando em percursos sempre em linha reta, embora eventualmente esbarrando uns nos outros. Devido a limitações de poder de processamento, foram utilizados 40 agentes, sem prejuízo do estudo que se buscava. Todas elas rodaram 10 ciclos, simulando 10 dias. O objetivo foi estabelecer a rede de encontro, e eventualmente alguma métrica de quais agentes passam mais tempo juntos, traduzida no valor do peso da aresta.

R1. resultados das simulações e análises no Gephy

R1

Com a combinação entre as 5 geometrias e as 3 maneiras de distribuição, foram produzidos 13 mapas (figura R1). A redundância resultante da variação da distribuição sobre o mapa aleatório implicou em apenas 1 mapa aleatório. Para cada cenário foi simulada uma rotina de comutação casa-trabalho de 10 dias, produzindo uma matriz com os encontros que aconteciam. Essa matriz foi analisada no software de análise de redes Gephy. Como resultado da análise, o programa retornou um grafo topológico da rede, bem como uma série de propriedades, incluindo índice de clusterização, grau dos nós, diâmetro e densidade. Esses resultados rede a rede estão disponíveis nos links respectivos no quadro R1, e sumarizados no quadro R2 abaixo.

R2. retorno Gephy

R2

Deste quadro R2, os parâmetros mais relevantes para a diferenciação que usamos são: o grau, que indica o número médio de conexões dos nós; o diâmetro e o comprimento médio de caminho, que são proporcionais ao número de ciclos para propagação de informação; o número de comunidades, que indica a quantidade de clusters; o número de componentes conectados, que indica em quantos conjuntos os nós estão agrupados, e o número de triângulos, ou cliques, que indica o grau de interconexão entre os nós. Para efeito de visualização no Gephy, foi adicionado 1 na diagonal da matriz de conexões, criando a aresta pii, o que implicou grau 2 nos casos em que não se estabeleceu nenhuma conexão entre os agentes, significando a ligação dele com ele mesmo. Para os demais parâmetros, essa aresta fica diluída. Além disso, só nos interessa uma ordem de valor e não fizemos nenhuma medida em cima do peso das arestas, de modo que a sensibilidade para o nosso interesse não fica afetada.

mapa aleatório

Este mapa formou 14 componentes distintos (connected components) com 18 comunidades. Foram 10 formados por agentes que não encontraram ninguém, 2 grupos com 2 nós, 1 com 3, e outro grupo com os demais 23 elementos (size distribution do connected components report). Dentre as comunidades, os maiores clusters reuniram 6 agentes (size distribution do modularity report), 1 clusters com 5, 1 com 4, outro com 2 e 3 clusters com 2 agentes. Na rede foram formados 16 triângulos. O seu diâmetro máximo é de 10 arestas, com um caminho médio de 3,87.

mapa matriz.distribuição contínua

Este mapa não formou nenhuma conexão, mantendo-se os 40 agentes isolados.

 

 

mapa matriz.distribuição alternada

Este mapa não formou nenhuma conexão, mantendo-se os 40 agentes isolados.

 

 

mapa matriz.distribuição aleatória

Este mapa formou 9 componentes distintos (connected components) com 12 comunidades. Foram 5 formados por agentes que não encontraram ninguém, 2 grupos com 2 nós, 1 com 6, e outro grupo com os demais 25 elementos (size distribution do connected components report). Dentre as comunidades, o maior cluster reuniu 10 agentes (size distribution do modularity report), 2 clusters com 6, 1 com 5, outro com 4 e 2 clusters com 3 agentes. Na rede foram formados 11 triângulos. O seu diâmetro máximo é de 11 arestas, com um caminho médio de 4,14.

mapa cruz.distribuição contínua

Este mapa não formou nenhuma conexão, mantendo-se os 40 agentes isolados.

 

 

mapa cruz.distribuição alternada

Este mapa não formou nenhuma conexão, mantendo-se os 40 agentes isolados.

 

 

mapa cruz.distribuição aleatória

Este mapa formou 4 componentes distintos (connected components) com 7 comunidades. Foram 3 formados por agentes que não encontraram ninguém e um outro grupo com os demais 37 elementos (size distribution do connected components report). Dentre as comunidades, o maior cluster reuniu 16 agentes (size distribution do modularity report), 1 clusters com 14, 1 com 4, e outro com 3. Na rede foram formados 87 triângulos. O seu diâmetro máximo é de 6 arestas, com um caminho médio de 2,30.

 

 

mapa linha.distribuição contínua

Este mapa formou a conexão entre apenas 2 agentes, mantendo-se os demais 38 isolados.

 

 

mapa linha.distribuição alternada

Este mapa não formou nenhuma conexão, mantendo-se os 40 agentes isolados.

 

 

mapa linha.distribuição aleatória

Este mapa formou apenas 1 componente (connected components) conectando todos os agentes (size distribution do connected components report), com 2 comunidades, uma reunindo 22 dos nós e a outra os 18 restantes (size distribution do modularity report). Na rede foram formados 1203 triângulos. O seu diâmetro máximo é de 3 arestas, com um caminho médio de 1,60.

 

 

mapa circular.distribuição contínua

Este mapa formou apenas 1 componente (connected components) conectando todos os agentes (size distribution do connected components report), com 6 comunidades. A maior delas reuniu 10 nós, e as outras 5 reunindo 8, 7, 6, 5, 4 agentes (size distribution do modularity report). Na rede foram formados 459 triângulos. O seu diâmetro máximo é de 5 arestas, com um caminho médio de 2,56.

mapa circular.distribuição alternada

Este mapa não formou nenhuma conexão, mantendo-se os 40 agentes isolados.

 

 

mapa circular.distribuição aleatória

Este mapa formou 11 componentes distintos (connected components) com 15 comunidades. Foram 7 formados por agentes que não encontraram ninguém, 2 componentes formados por 2 agentes, 1 reunindo 4 e um outro grupo com os demais 25 elementos (size distribution do connected components report). Dentre as comunidades, os 2 maiores clusters reuniram 7 agentes (size distribution do modularity report), 1 clusters com 5, outro com 4, 2 com 3 e 2 clusters com 2 agentes. Na rede foram formados 15 triângulos. O seu diâmetro máximo é de 8 arestas, com um caminho médio de 3,48.

Os resultados dos grafos dos 13 mapas gerados, sintetizados no Quadro R1 e resumidas no quadro R3, oferecem um resumo visual de fácil leitura. A primeira coisa evidenciada é que 6 cenários formam rede, e os demais 7, não. Também fica claro que, em todo cenário com distribuição aleatória de casas e trabalhos, houve formação de rede. Em nenhum dos outros cenários, houve formação de alguma rede, com exceção do mapa com geometria circular e distribuição contínua.

resumo grafos  _page-0001.jpg

R3. topologias das redes formadas

As redes formadas apresentam intensidade de conectividade diferente, e sempre com a presença de clusters. Nenhuma delas, entretanto, apresenta distribuição regular quanto ao grau, e tão pouco alguma conexão preferencial. A própria natureza da distribuição das funções sugere uma rede de formação aleatória. A distribuição do grau dessas redes apresenta uma tendência de distribuição normal (R4), o que deve ficar mais claro num cenário com um número maior de agentes.

distribuicao de grau

R4. distribuição de grau

tese de doutorado - daniel lenz costa lima

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